"O nosso rival passou por algumas gestões desastrosas nos últimos anos e no auge do desespero de sua torcida, os sócios acabaram optando pela eleição de Paulo Carneiro"
Foto: Montagem / Info Bahêa
*Por Gustavo Vieira
É público e notório que a gestão de Guilherme Bellintani e Victor Ferraz está caindo no conceito da nação tricolor. Antes mesmo do rebaixamento para a série B o desempenho dentro das quatro linhas já era alvo de duras críticas e inúmeros protestos. A gestão ainda encontrava alguma sustentação na imagem que projetava de uma administração econômico-financeira responsável, porém até neste quesito já existem questionamentos por parte de sócios e outros torcedores.
Na penúltima assembleia geral do Conselho Deliberativo, em dezembro de 2021, momento de apresentação do orçamento e planejamento da temporada 2022, diversos conselheiros teceram críticas, questionaram condutas e exigiram explicações sobre as questões orçamentárias, atendimento do Centro de Atendimento do Socio e sobre a Loja Esquadrão, naquele momento sequer tínhamos a informação da existência de um diretor-geral que já estava atuando pelo clube sem que os próprios sócios soubessem da sua existência, caindo por terra a sensação de transparência que se nutriu desde a democratização do clube.
A soma de todos esses fatores fez ânimos se inflamarem dentre os torcedores, incluindo membros de torcidas uniformizadas, o que culminou em protesto no CT Evaristo de Macedo e em frente ao edifício onde o presidente Guilherme Bellintani reside na capital baiana. Vale registrar que ambos os movimentos protestantes foram pacíficos, apesar do registro de ameaças por parte da direção do clube.
Até este momento as preocupações estavam focadas no presente e futuro do Esporte Clube Bahia contudo, como de costume nos momentos de crises, os oportunistas surgem de todos os cantos almejando ter alguma vantagem com o clima caótico. Não demorou para aqueles que personificam o período que ficou conhecido como “tempos das trevas” na história recente do Tricolor de Aço voltaram à cena com postagens provocativas e entrevistas que deturpam a realidade dos fatos.
Os “Marcelos Guimarães” (pai e filho), que nunca se conformaram em ter deixado o comando do maior clube de futebol do Norte-Nordeste, reaparecem com críticas duras e – até certo ponto – merecidas à atual gestão do Bahia. Neste momento é que precisamos ter a sabedoria de olhar e aprender com os erros dos outros, evitando assim um sofrimento futuro.
O nosso rival, Vitória da Bahia, passou por algumas gestões desastrosas nos últimos anos e no auge do desespero de sua torcida, os sócios acabaram optando pela eleição de Paulo Carneiro, um ex-presidente que deixou o clube em situação similar aos ex-cartolas tricolores da família Guimarães. A recondução de PC à presidência do rubro-negro baiano foi festejada pela maioria dos seus sócios, o fato é que, sob a “nova” gestão de Carneiro, o time do Vitória da Bahia aprofundou sua crise financeira e em campo proporcionou a dor de retornar para a terceira divisão do campeonato nacional.
Aqueles torcedores tricolores que tem um tempo maior de estrada (assim como eu) devem se lembrar muito bem do sofrimento que foi jogar a Série C do brasileiro e tenho certeza que essa é uma experiência que a Nação Tricolor não tem pretensão de provar novamente. É certo que novos rumos devem ser adotados no Esporte Clube Bahia, aproveitando os acertos da atual gestão (sim, existem alguns acertos), mas corrigindo os graves erros que angustiam os corações tricolores todas as vezes que o time entra em campo.
Caminhos existem para serem percorridos, alguns podem ser mais difíceis outros nem tanto, mas uma certeza que devemos ter é que o caminho para trás não deve ser uma opção, senão corremos sério risco de ter as dores que os torcedores do rival estão sentindo neste exato momento: Aprender com a dor dos outros pode nos poupar de dores similares.
*Gustavo Vieira é torcedor do Bahia e presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 7ª Região.
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