Leia o texto do Vitor Piñeiro
Foto: Montagem / Info Bahêa
Não é de hoje que fica evidente a total inabilidade da diretoria executiva de lidar com o tema “futebol” dentro do Esporte Clube Bahia. Além disso, a falta de transparência que ronda todas as áreas da instituição torna a busca por informações bastante complicada no dia a dia do clube. Diante desse cenário, muito se quis saber sobre a situação de um atleta que parecia ter, simplesmente, evaporado da Cidade Tricolor: Lucas Fonseca.
A caminhada de Lucas no Bahia começa lá atrás, ainda no longínquo ano de 2012, ainda na era das trevas, quando o mesmo chegou ao clube pela primeira vez. Na oportunidade, o zagueiro atuou em apenas 10 partidas da série A daquela temporada, retornando ao Mogi Mirim no final do ano para jogar o campeonato paulista de 2013. Após o certame no Sudeste do país, Lucas voltou ao Bahia para a disputa do Brasileirão daquele ano, firmando-se como titular da zaga ao lado de Titi e jogando 29 das 38 rodadas do campeonato. Ao final da temporada, Lucas foi contratado em definitivo pelo tricolor, com 2 anos de contrato fixo e com uma renovação automática pelo batimento de metas para um 3º ano. No ano de 2014, o defensor sagrou-se campeão baiano pelo tricolor no primeiro semestre. Porém, na sequência da temporada, fez parte do plantel que foi rebaixado para série B, deixando o clube no início de 2015 de maneira conturbada.
Lucas retornou ao Bahia no ano de 2016, chegando em Março daquele ano para integrar o elenco que disputaria a série B. Titular em praticamente metade do campeonato, Lucas atinge o objetivo com o clube: o acesso à elite do futebol nacional. No ano de 2017, o zagueiro tricolor se consolida como titular do elenco, mantendo esse status até 2020, onde atuou em metade do campeonato nessa condição. Nessa terceira passagem, Lucas também acumulou títulos com o Esquadrão, com os campeonatos baianos de 2018, 2019 e 2020, além do bicampeonato da Copa do Nordeste em 2017 e 2021.
Passado esse breve apanhado, percebe-se que Lucas Fonseca é um jogador que possui história e identificação com o clube. Eis que, na temporada passada, após uma partida ruim do tricolor, o zagueiro simplesmente sumiu do elenco. Quando perguntado, à época, o presidente do Bahia rechaçou a possibilidade de rescisão contratual e saída do atleta pela porta do fundo do clube. Não foi o que se viu no decorrer do restante da temporada e o que já se imaginava, foi confirmado hoje, quando Guilherme Bellintani afirmou:
"Sobre Lucas: a gente concluiu o contrato dele no final de Dezembro. É um jogador que teve uma história importante no clube e a saída dele foi combinada entre Bahia e ele e nós estamos cumprindo exatamente como foi combinado, entendendo que todo ciclo que começa, também se encerra e esse encerramento foi feito da melhor forma possível, conjuntamente e reciprocamente combinados".
Dessa forma se encerrou a passagem de um atleta que possuía, entre idas e vindas, 9 anos de casa.
Não ficou claro na fala do presidente qual seria esse “combinado”. O que ficou evidente foi o desrespeito e falta de sensibilidade dessa gestão na finalização do ciclo de um jogador histórico no clube. Um atleta que esteve aqui muito antes dos que ocupam os cargos de gestão do clube, que presenciou a era das trevas, a democratização do clube e conviveu com todas as gestões desde então. Um jogador, que apesar de um descenso com o Esquadrão de Aço, acumula também um acesso, além de ser tetracampeão estadual e bicampeão da Copa do Nordeste. Um profissional, que mesmo nos momentos difíceis, nunca se escondeu, sempre se mostrando insatisfeito quando as coisas não iam bem e cobrando a si mesmo e ao elenco por melhoras, estando, por muitas vezes na figura de capitão e líder do time.
Em toda sua história no tricolor, Lucas foi um atleta que, por vezes, despertou relações de amor e ódio com a torcida. Mas também é inegável que conquistou o respeito do torcedor tricolor nesses seus inúmeros anos de clube. A sua despedida, infelizmente, foi manchada por essa gestão, através da sua incompetência e arrogância, que não cansa de envergonhar o seu torcedor. Porém, essa diretoria de nanicos não podem manchar a história e trajetória de Lucas Fonseca com a camisa tricolor de forma alguma.
Ao nosso zagueiro, capitão, muso ou, mais carinhosamente, “Senhor Bavi” deixo aqui o meu muito obrigado a todos esses anos de compromisso, dedicação ao clube e títulos proporcionados ao longo dessas temporadas.
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