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Pituaçu dá azar?




Diante do Bragantino, o Bahia voltará a jogar na Fonte Nova depois de 7 meses, período no qual a tradicional casa Tricolor abrigou um hospital de campanha em função da pandemia.


Logo que surgem notícias sobre mudanças no mando de campo do clube, uma velha polêmica reaparece. De um lado, a galera que afirma que o Bahia não leva sorte em Pituaço, seja por questões como estrutura e pressão da torcida, ou até por fatores sobrenaturais. No outro lado, a turma mais cética afirma que estádio não ganha jogo.


Desde já, deixo claro que a ideia aqui não é colocar um ponto final nessa discussão, nem mesmo dar razão a um dos lados, mas apenas trazer alguns aspectos sobre o aproveitamento do Bahia em cada uma de suas casas.


Ao lado do antigo Campo da Graça, Fonte Nova e Pituaçu compõem o grupo dos três estádios onde o Bahia mais atuou em sua história. Na Fonte, líder isolada em número de partidas, o Bahia jogou 2.357 vezes, obtendo um aproveitamento de 65,4%. Em Pituaçu, foram 262 jogos e 61,5% de aproveitamento.


Acontece que o número geral desconsidera as mudanças pelas quais o futebol passou ao longo do tempo. Inaugurada em 1951, a Fonte nasceu numa época onde a maior parte do calendário era dedicada a competições estaduais e amistosos, onde, obviamente, o aproveitamento do Bahia era maior. Em Pituaçu, que passou a ser utilizado com maior frequência somente em 2009, os campeonatos de âmbito nacional representam a maioria dos jogos realizados. Daí a necessidade de se analisar recortes distintos.


Vamos então considerar somente jogos de Série A. Nos 499 jogos disputados na Fonte Nova, o Bahia obteve 57,4% de aproveitamento. Em Pituaçu, esse número cai para 46,7% em 70 partidas.


Se acrescentarmos também um recorte temporal, considerando apenas os jogos realizados depois da reinauguração das duas praças, período no qual o Brasileirão já era disputado em pontos corridos, temos 52,8% de aproveitamento na Fonte, contra 45,3% em Pituaçu.


Analisando apenas a Série A de 2020, quando o Bahia se dividiu entre os dois estádios, a equipe obteve 53,3% dos pontos disputados na Fonte Nova, contra 48,1% em Pituaçu.


Sem recorte temporal, a Fonte Nova leva vantagem sobre Pituaçu em quase todas as principais competições. Na Série B, por exemplo, o Tricolor obteve 75% de aproveitamento na Arena, contra 63% em Pituaçu. Isso se repetirá se separarmos Copa do Nordeste, Sul-Americana e Campeonato Baiano. Somente na Copa do Brasil o Bahia possui melhor aproveitamento em Pituaçu: 79% a 70%.


Tudo isso comprova que tem mesmo uma cabeça de burro enterrada em Pituaçu? Claro que não. É óbvio que o clube viveu momentos distintos nas duas praças e enfrentou adversários diferentes. São inúmeras as variáveis que impactam nos resultados, sendo impossível determinar o peso real do fator estádio.


Na frieza dos números, no entanto, não há como negar: o Bahia costuma ter resultados melhores em sua casa mais tradicional.

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