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Foto do escritorRedação / Info Bahêa

Só motivação nos bastaria?

Não ter metas audaciosas parece o menor dos problemas



Por Claudia Callado*


Já tem um tempo que eu fui convidada para ter um espaço aqui para falar do Bahia, aquilo que eu mais amo. Apesar de consumir o Bahia de todas as formas possíveis, de maneira incessante, me questionei durante muitos dias sobre o que escreveria.


Posso falar que no jogo contra o Santos Rodallega foi bem novamente, se mostrou útil fora da área, inclusive dando assistência para Gilberto e Rodriguinho desperdiçarem as duas melhores chances do jogo; por outro lado, a inutilidade de Ruiz e demora para tirá-lo; ou a partida muito segura de Luiz Otávio e Capixaba em boa fase (medo de escrever isso); mas como é o primeiro texto, resolvi fazer um panorama de como eu enxergo o atual momento do Bahia, com todas suas questões, dentro e fora de campo.


Inclusive sobre o comportamento da torcida e suas frustrações - que obviamente, também são minhas. Longe de mim falar por uma nação, mas dá para observar alguns sentimentos na minha bolha ou em mim mesma.


O primeiro ponto é o tal espírito vencedor. Para muitos, essa vontade de vencer não faz parte do Bahia há um bom tempo. A tal faixa dos “seis pontos em cinco jogos” foi a prova que parte da torcida precisava. E criou-se uma revolta geral, que só piorou com a explicação de Bellintani, de que fora do contexto poderia ser má interpretada. E minha opinião impopular é: eu concordo com ele.


Se aquela meta foi colocada na sequência de jogos de São Paulo, Flamengo, Galo, Sport e Cuiabá, eu acho bem tranquilo mirar em “só” seis pontos. O problema não é perder para os três primeiros, é não vencer os dois últimos. É ao invés de seis, só fazer um.


Porque por mais que eu queira que o Bahia seja o melhor, ele não é e nem vai ser. Oscar Ruiz pode acreditar que vai ganhar os 38 jogos, mas vai continuar sendo Oscar Ruiz. Se o maior problema do Bahia fosse motivacional, eu estaria, com certeza, mais tranquila.


E o que a gente tem a obrigação de ser? O melhor do Nordeste, no mínimo. E no recorte da nossa realidade, do nosso campeonato dentro do Brasileiro, a gente tem que ser o melhor. E é aí que mora a principal frustração - pelo menos a minha.


Ano a ano, a gente não melhora. Ou simplesmente não conseguimos ir além. O Bahia dos últimos anos está sempre tentando algo inédito, e está sempre frustrando.


Sem precisar ir muito longe, só comparando este com o ano passado. Depois de um 2020 tenebroso, com uma perda de título de Copa do Nordeste de maneira humilhante, um sofrimento para vencer o Baiano, eliminação na primeira fase da Copa do Brasil e quase queda no Brasileiro, tivemos um primeiro semestre que parecia que “agora vai”, porém mais uma sequência de jogos sem ganhar - a quarta em três anos! -, trouxe o fantasma do rebaixamento de novo para nossa rotina.


Mas não precisava ser muito entendedor de futebol para saber que uma hora ia ruir. Se ali no primeiro semestre a gente tinha um time titular competitivo, a reposição sempre foi fraca. E perder dois titulares em um intervalo de uma semana foi golpe duro.


Não dá para reforçar só a zaga, e manter os mesmos laterais instáveis – Nino tem 35 anos e não tem uma sombra! E nem vou falar do lado esquerdo -, por exemplo. E as reposições, para mim, são ainda problemas maiores. Gregore foi embora e tivemos a sorte de “achar” Patrick. Mas é claro que um jovem como ele vai oscilar e que precisaria de alguém pelo menos próximo do nível dele para ter no elenco. Mas é claro também que não temos. E a opção atual de Dabove tem sido Lucas Araújo, que pode até ter ido bem contra o Fortaleza, mas a gente conhece a peça.


No setor ofensivo, o caso mais assustador: a incapacidade de achar um atacante do mesmo nível de Élber. Nem estou citando Arthur. Estou falando de Elbinho. Odiado por muitos, amado por poucos (acho que estou nesse grupo), mas mais útil do que qualquer um que tentou jogar nesse ataque do Bahia ao lado de Rossi e Gilberto. Nos resta torcer para Isnaldo e Cirino entrarem no tão vazio pacote de boas contratações. Contra o Santos, achei o argentino interessante.


Linhas e mais linhas para dizer o óbvio, eu sei: em mais um ano, a montagem do elenco foi equivocada. Nessa semana, o Bahia chegou a 18 contratações na temporada, para acertar em Conti, Thaciano, Mugni e Rodallega (até então, porque não vou considerar os que chegaram agora ainda). É muito pouco para um time que tem direito a pouquíssima margem de erro.


Eu sei que tem a questão financeira, as dívidas, a pandemia, mas isso é papo para depois. Por hora, já falei demais (a piada que ouvi a vida toda: de “callada” não tem em nada). Talvez tenha sido uma péssima ideia terem me dado um espaço para falar desse time, sempre vou me empolgar.

Faltam 23 pontos. *As opiniões publicadas neste espaço não representam, necessariamente, o posicionamento do Info Bahêa.

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