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"Euforia Racional", por Márcio Fortuna


Foto: Acervo Márcio Fortuna

*Por Márcio Fortuna


Palavra de origem grega, EUFORIA é tratada pela psicologia como sensação caracterizada por um momento de humor anormal, um sentimento intenso de bem-estar físico e emocional.


Por sua vez, a palavra RACIONAL vem do termo latim rationalis, comumente utilizada para identificar uma pessoa que se vale da razão, ou seja, que age segundo a razão.

Nota-se que, enquanto a primeira está diretamente relacionada a uma condição emocional, a segunda refere-se à razão.


Dito isto, em meio à revolução quantitativa e qualitativa advinda da SAF, pergunta-se: é possível conciliar a euforia com racionalidade, já que parecem ser sentimentos tão opostos?!

Pois bem, em se tratando de torcedor do Bahia, cujo sentimento de fanatismo do RUMO A TÓQUIO está enraizado na alma e no sangue, trata-se de tarefa extremamente complicada, tão difícil quanto o gol de Rauniei, mas igualmente possível.


Pela primeira vez, nos meus 40 anos (dos quais pelo menos 35 com plena lembrança e vivência de Bahêa), pude notar uma tendência (eu disse tendência e não certeza) de que, desta vez, no Bahia pós-SAF, o torcedor vem pelo menos se esforçando para exercitar algo que não lhe combina historicamente: a paciência.


É possível perceber, ao menos é o que parece até o momento, que a torcida abraçou o projeto de médio a longo prazo e abraçou a ideologia da paciência implantada pelo treinador, deixando de criticar tão rapidamente e com a mesma intensidade que fazia em outros tempos, bem como sendo paciente com os jogadores recém chegados, os da base e, até mesmo, os remanescentes do ano passado.


Temos um projeto, temos um técnico, como há muito não víamos em nosso clube, temos estrutura, investimento e, é claro, temos ADEPTOS! Sim, não utilizarei a palavra torcedor, e não é querendo fazer média com nosso mister (quem sou eu?!), mas sim porque fui verificar a origem da palavra e seu conceito, e vi que adepto pareceu-me representar muito melhor meu sentimento pelo Bahia, é dizer: um adepto é aquele iniciado e conhecedor de uma doutrina, religião, seita ou ciência. Ora, muito mais que um torcedor, sou adepto do Bahia, porque o Bahia é para mim um pouco de cada uma destas palavras.


Ora, se temos tudo isso, não nos poderia faltar paciência, ao menos agora, especialmente num projeto tão complexo e ambicioso como este que estamos vivendo, no qual a paciência surge como força propulsora do sucesso!


Viver euforicamente cada transformação deste novo Bahia, comemorando cada triunfo, cada avanço, cada contratação, evoluções e títulos, é essência e salutar, mas que está mesma euforia seja como aquele gol que tira o zero a zero do placar, mas que nada garante ainda, devendo ceder espaço imediatamente à racionalidade.


Não há dúvidas de que estamos no caminho mais que certo, no qual a euforia deve existir, mas convidando a razão para sentar ao seu lado na arquibancada para assistir jogo a jogo uma das maiores transformações que o futebol brasileiro irá presenciar na sua história, transformação esta que fará justiça a uma das (se não a mais, e pra mim é) bonita e fanática torcida do mundo, sem qualquer exagero, porque o Bahêa é sim o mundo e somos merecedores de dias melhores, por tudo que já passamos, por tudo que somos, por tudo que representamos, e por tudo que ainda faremos.

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